Natália Araripe
Oi gente, tava revirando umas revistas em uma delas li esse texto e amei! Separei para por no blog, é do Fabio Yabu (@fabioyabu) espero que gostem :D
Primeira vez

Não é toda primeira vez que a gente nunca esquece. Algumas coisas                                                                   parecem acontecer na nossa vida desde sempre, e talvez por isso seja tão difícil lembrar quando você comeu pipoca, viu o mar, dormiu na casa de uma amiga ou teve de se abaixar e fazer xixi no meio da rua pela primeira vez.
Outras primeiras vezes são mais fáceis. Sem muita distinção tem gente que se lembra em cores vívidas do primeiro joelho ralado – das lágrimas, do sangue misturado a poeira preta, da pele enrolada como papel higiênico molhado – e se esquece completamente do primeiro dia de aula – do cheiro de uniforme novo, do som estridente do sinal, do rosto da professora e da vergonha de pedir pra ir ao banheiro. Bem mais difícil é esquecer o primeiro beijo. Tem gente que conta aquele que deu no amiguinho de 5 anos na pré-escola, mas você sabe qual estou falando: daquele premeditado, sonhado e até roubado. E que, sendo bom ou ruim (estranho, sem dúvida), muda tudo que vem depois.
E então chega “A” primeira vez, que deu título a este texto e te atraiu como uma agulha a um ímã gigante. Que é tão temida, tão falada e tão googlada. Todo mundo quer saber se dói. Não vou mentir, pode ser que doa um pouquinho, sim. Se sangra? Às vezes.
Se engravida? Ô!
Mas o que ninguém pergunta pro Google é se a primeira vez vai ter carinho e respeito. Querem saber o como, sem se importar com o quanto nem o por quê. Talvez por isso a dor de perder a virgindade nas seja nada comparada à dor de ter o coração partido pela primeira vez. Você se sente sem chão, sem teto, sem nada, como aquela casa muito engraçada. E decide que nunca mais vai gostar de ninguém, que vai cortar o cabelo, entrar na academia, se cuidar. Um dia vai ficar bem. Sempre fica. Só pra começar tudo de novo lá na frente. Até o dia em que você vai estar bem velhinha. Sei lá, tipo uns 23 anos. E a essa altura, já vai ter percebido que a vida tem tantas primeiras vezes quanto últimas, mas poucas únicas. Que a melhor posição é a que deixa o coração quentinho, e que a melhor fantasia é alguém que faça você mesma. Com um pouco de sorte, depois de alguns anos você acordará e verá a cama vazia ao seu lado, a vai sorrir ao sentir o cheirinho de café vindo da cozinha. Um novo salto para o futuro, você olhará para seus braços e verá neles, pela primeira vez, o rostinho inchado da pessoa que fará tudo o que você leu e viveu fazer sentido. Vai morrer, reviver e rever toda a sua vida nesse mágico segundo, e a partir dele, cada novo dia será uma primeira vez. É só não ter pressa. 
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